Esses provérbios são seculares, mas têm sido objeto de
distorções. Algumas o professor Pasquale Cipro Neto esclarece em sua página,
chamando de sabichonices de aventureiros, outras são pesquisas nossas.
Vejam o teor original e o significado de cada um.
1) "Esse menino parece bicho carpinteiro": O termo BICHO CARPINTEIRO está em todos os
dicionários tradicionais como sinônimo de "Pessoa inquieta, agitada,
desassossegada, que não sabe esperar sua hora num jogo, por exemplo. A origem
do termo vem de uma espécie de besouro de mesmo nome (bicho carpinteiro), que
penetra entre a madeira e a casca das árvores, fazendo com que as cascas se
movimentem continuamente.
A versão divulgada por aí falando de "bicho no
corpo inteiro" é invenção sem sentido.
2) "Quem tem boca vai a Roma" é da época do império romano e significa dizer que quem sabe se
comunicar e perguntar (quem tem boca, do latim), consegue ir a qualquer lugar, ainda que seja longínquo e difícil.
Uma variante antiga do Português clássico é "Quem língua tem, a Roma vai e vem" e o mesmo ditado em espanhol: "Preguntando se va a Roma" e em francês, "Qui langue a, à Rome va".
Essa história de "Vaiar Roma" é mera
invencionice tola, sobretudo porque Roma é uma denominação geográfica e não faz
sentido "vaiar" uma região.
3) "Cor de burro fugido" ou "cor de burro quando foge" é um ditado da época das comitivas de tropeiros, que
quer dizer qualquer cor. Naquela época era muito comum os burros soltarem amarras ou arrombarem cercas e fugirem dos acampamentos, deixando o tropeiro a pé ou sem o seu cargueiro. Diante dessa situação, qualquer burro fugido que o tropeiro encontrasse pelos caminhos, espertamente ele afirmaria ser o seu,
independente da cor. Consta também da literatura clássica como sendo uma das artimanhas de Pedro Malazarte.
4) "Batatinha quando nasce esparrama pelo chão, menininha quando
dorme põe a mão no coração" faz parte de uma coleção de cantigas de roda
adaptada pelo poeta português Fernando Pessoa no século dezenove. Essa história de "espalha a rama" é mera invencionice de algum internauta pouco
letrado e metido a engraçadinho, que infelizmente se espalhou pela WEB. Isso, além de
quebrar a métrica da poesia, não tem graça nenhuma e não faz sentido.
5) "Quem não tem cão, caça com gato" é outro ditado muito
antigo, presente na literatura clássica Brasileira. Significa dizer que quem
não tem o recurso próprio para a situação específica, se vira com o que tem em
mãos. Faz alusão ao fato de que usar um gato como animal caçador seria uma espécie de
"quebra-galho" improvisado, já que o bom cão de caça era raro e caro.
Porém, algum aventureiro inventou essa história de
que, quem não tem cão caça "COMO GATO", o que inverte o sentido original do ditado, pois o gato, sozinho e voluntariamente, consegue caçar com muito mais eficiência do que um cão, ainda que não obedeça o caçador.
6) "Cuspido e escarrado" é uma expressão usada
para enfatizar a semelhança entre duas pessoas. Segundo o professor Duarte
Nunes de Leão, em seu livro “Tesouro da fraseologia brasileira”, a frase tem
origem na expressão esculpido e encarnado, numa alusão elogiosa, indicando que a pessoa foi esculpida, encarnada como uma cópia do outro a quem se assemelha. Isto sim, diz
respeito à semelhança entre duas pessoas. Entretanto, algum aventureiro da invenção linguística apareceu fazendo referência ao termo esculpido em Carrara, que pode parecer romântico, por fazer menção ao mais nobre dos mármores, o Carrara, mas não faz
nenhum sentido quando se quer enfatizar a semelhança entre duas pessoas.
Fonte:
2) Pesquisa independente do autor.
Marcio Almeida é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Informática, Especialista em Direito Administrativo Disciplinar, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, Diplomado da Escola Superior de Guerra, M∴M∴, Escritor, Músico Amador, Meio-Maratonista, pesquisador autodidata em Nutrologia e Nutrição Esportiva, História e Sociologia.
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