(Crônica do Professor e Consultor Empresarial, Hélio Mendes,
Publicada no Jornal Correio de Uberlândia em 18 de maio de 2008)
“O número de carmenses fora é maior do que os moradores que ficaram no município”
Minas Gerais é formada por várias Minas, maior do que vários países, com muitas particularidades, regiões sofrendo influência de suas fronteiras. Temos um pouco de tudo: baiano, paulista, carioca, capixaba, goiano, mato-grossense. O que o mineiro mais tem são valores bons, mas alguns mineiros estão no coração de Minas, com a responsabilidade de manter as raízes, os bons hábitos, aquele jeito que se dá aos mineiros e é destes que vou falar neste espaço hoje.
No centro do Alto Paranaíba está Carmo do Paranaíba, município criado em 11 de julho de 1897, com 111 anos, desmembrado de Araxá, com 1504 quilômetros quadrados de extensão, com uma população acima de 30 mil habitantes. Carmo. Destaca-se pela agropecuária e pelo café do cerrado, café que ganha premiações internacionais. E o comércio da cidade cresce a cada ano.
Em todos os lugares, os hábitos estão mudando, mas pouco em Carmo — o que é bom. Quem chega à cidade já sente a vontade de abrir o vidro do carro, mesmo quando está com o ar-condicionado ligado, para sentir o vento e o cheiro dos eucaliptos que foram plantados nos dois lados da estrada e ao mesmo tempo continuar vendo a beleza dos cafezais que começam bem antes da chegada, na divisa do município. Hoje, o café é o marco e a marca do município.
Hoje, o número de carmenses fora é maior do que os moradores que ficaram no município, mas quando um carmense visita sua cidade tem que fazer a “volta olímpica”. Parece brincadeira, mas é interessante, desce pela avenida Aristides de Melo, vai até o lago do Rosário e volta cumprimentando amigos e parentes.
A comida ainda continua a mesma: o feijão tropeiro, o frango ao molho pardo, pernil ou lombo à mineira sempre se encontram nos restaurantes da cidade, que recebe com carinho. Hospeda-se no Hotel do Pedro ou do Prestígio. O melhor é o carinho que têm os visitantes que, na segunda visita, já são considerados amigos.
Carne especial na banha ainda se encontra, feita à moda antiga, é só encomendar com Humberto Morais, que atende de segunda a domingo e gosta de trabalhar e conversar com os amigos fregueses. O mineiro que se presa não fala cliente, mas freguês. É o que faz a diferença.
Em Carmo, a porta da sala permanece fechada, o hábito é ser atendido pela porta da cozinha, o café “cuado” na hora e sempre acompanhado de uma boa quitanda. E chamar o amigo de compadre é mais do que ser irmão, é um bom hábito, que se vê muito só no coração de Minas.
O que tem muito na cidade são os famosos botecos. E não tem o melhor: é questão de preferência. Freqüento o Zero Hora, onde tem uma sempre boa pinga, cerveja gelada e o melhor: uma boa “prosa”. E quando chega um da velha guarda, vêm na mesa os casos antigos. Se é música tem que se falar dos Gorilas, dos Solitários, Montilha, Camponesa e da Pigale. Se se for mais fundo, fala-se do Nandinho, Dr. Erival, Sampaio, Júlio, Vaninho do Prego e do futebol do Hélio Ramos.
A cidade tem um clube completo, o Ponte de Terra, e uma casa de show que não deve nada às da capital, o Barnabé, com capacidade para 800 pessoas, mas, dependendo do momento, “cabe mais”.
Carmo tem sua parte contemporânea, quando falamos em café que usa tecnologia de última geração, mas também tem seus antigos e bons costumes, que é o de falar com quem se gosta e de ser amigo — valores que são cultivados por mineiros.
Helio Mendes (latino@institutolatino.com.br)
É professor e Consultor de Estratégia e Gestão
Publicada no Jornal Correio de Uberlândia em 18 de maio de 2008)
“O número de carmenses fora é maior do que os moradores que ficaram no município”
Minas Gerais é formada por várias Minas, maior do que vários países, com muitas particularidades, regiões sofrendo influência de suas fronteiras. Temos um pouco de tudo: baiano, paulista, carioca, capixaba, goiano, mato-grossense. O que o mineiro mais tem são valores bons, mas alguns mineiros estão no coração de Minas, com a responsabilidade de manter as raízes, os bons hábitos, aquele jeito que se dá aos mineiros e é destes que vou falar neste espaço hoje.
No centro do Alto Paranaíba está Carmo do Paranaíba, município criado em 11 de julho de 1897, com 111 anos, desmembrado de Araxá, com 1504 quilômetros quadrados de extensão, com uma população acima de 30 mil habitantes. Carmo. Destaca-se pela agropecuária e pelo café do cerrado, café que ganha premiações internacionais. E o comércio da cidade cresce a cada ano.
Em todos os lugares, os hábitos estão mudando, mas pouco em Carmo — o que é bom. Quem chega à cidade já sente a vontade de abrir o vidro do carro, mesmo quando está com o ar-condicionado ligado, para sentir o vento e o cheiro dos eucaliptos que foram plantados nos dois lados da estrada e ao mesmo tempo continuar vendo a beleza dos cafezais que começam bem antes da chegada, na divisa do município. Hoje, o café é o marco e a marca do município.
Hoje, o número de carmenses fora é maior do que os moradores que ficaram no município, mas quando um carmense visita sua cidade tem que fazer a “volta olímpica”. Parece brincadeira, mas é interessante, desce pela avenida Aristides de Melo, vai até o lago do Rosário e volta cumprimentando amigos e parentes.
A comida ainda continua a mesma: o feijão tropeiro, o frango ao molho pardo, pernil ou lombo à mineira sempre se encontram nos restaurantes da cidade, que recebe com carinho. Hospeda-se no Hotel do Pedro ou do Prestígio. O melhor é o carinho que têm os visitantes que, na segunda visita, já são considerados amigos.
Carne especial na banha ainda se encontra, feita à moda antiga, é só encomendar com Humberto Morais, que atende de segunda a domingo e gosta de trabalhar e conversar com os amigos fregueses. O mineiro que se presa não fala cliente, mas freguês. É o que faz a diferença.
Em Carmo, a porta da sala permanece fechada, o hábito é ser atendido pela porta da cozinha, o café “cuado” na hora e sempre acompanhado de uma boa quitanda. E chamar o amigo de compadre é mais do que ser irmão, é um bom hábito, que se vê muito só no coração de Minas.
O que tem muito na cidade são os famosos botecos. E não tem o melhor: é questão de preferência. Freqüento o Zero Hora, onde tem uma sempre boa pinga, cerveja gelada e o melhor: uma boa “prosa”. E quando chega um da velha guarda, vêm na mesa os casos antigos. Se é música tem que se falar dos Gorilas, dos Solitários, Montilha, Camponesa e da Pigale. Se se for mais fundo, fala-se do Nandinho, Dr. Erival, Sampaio, Júlio, Vaninho do Prego e do futebol do Hélio Ramos.
A cidade tem um clube completo, o Ponte de Terra, e uma casa de show que não deve nada às da capital, o Barnabé, com capacidade para 800 pessoas, mas, dependendo do momento, “cabe mais”.
Carmo tem sua parte contemporânea, quando falamos em café que usa tecnologia de última geração, mas também tem seus antigos e bons costumes, que é o de falar com quem se gosta e de ser amigo — valores que são cultivados por mineiros.
Helio Mendes (latino@institutolatino.com.br)
É professor e Consultor de Estratégia e Gestão
4 comentários:
Gostei muito do que voçê falou de CArmo do Paranaíba que e uma otima cidade de se morar
obrigado
Gostei muito do que voçê falou de CArmo do Paranaíba que e uma otima cidade de se morar
obrigado
Ainda bem que Carmo ainda está na memória!Decança em paz!...Amamos esta cidade.
Saí do Carmo aos 18 anos, já fazem 25 mas sempre guardo na memoria cada lugar de lá que passei a infância e parte da adolescência muito bom ver esta matéria.
Wilton Oliveira
Itu SP
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