sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Não é ENTA nem ANTA, Senhora Presidente.

- Eu quero ser chamada de PRESIDENTA e pronto!
- Mas, peraí, Excelência! E o vernáculo?!!!
- Quê qu'é isso?
- Eu explico: É que a derivação verbal usada para designar função, atividade ou capacidade de exercer a ação do verbo, gramaticalmente conhecida como particípio ativo, é constituída da raiz verbal acrescida dos sufixos ante, ente ou inte, e isso nunca flexiona com gênero!
- Ãh?
- Por isso, o particípio ativo do verbo estudar é estudante, o de atacar é atacante, o de existir é existente, o de pedir é pedinte e o de presidir é presidente, não presidenta!
- Mas eu quero ser Presidenta, igual à Cristina!
- Mas, Excelência, essa palavra não existe em Português! Só no idioma da Cristina e do Fidel. E a senhora vai governar é o Brasil! Entendeu?!...
- Olha aqui, deix'eu eu te contar uma coisa! Eu já vi! Ocê veja! Parei de ver! Voltei a ver!
- Pois é, Excelência! São regras da nossa Língua Pátria. O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é! O ente. Aquele que tem entidade. Não é enta, muito menos anta.
E se forçar a barra vai pegar mal, veja: - Segundo o Professor Napoleão*, flexionar esses particípios ativos em enta no feminino, consiste na conversão dos mesmos em substantivos derivados (substantivação), impondo-lhes uma conotação pejorativa! Ou seja, vira gozação, igual acontece com gerenta, prepotenta, pacienta, adolescenta... E, pior, rima com jumenta!!...
- Eu vô te falar outra coisa! Sabe porquê que eu vô te falar outra coisa? É porque eu sou Presidenta, num sou besta, não, viu!
- Sei!... Então, deixa prá lá! Manda quem pode, obedece quem tem juízo!

* Napoleão Mendes de Almeida, Gramático, Professor (em Dicionário de Questões Vernáculas, 3ed. São Paulo: Ática, 1996, p.435-6.)

Nenhum comentário: