sexta-feira, 12 de maio de 2017

A retórica profética de Alexandre Magno

O maior estrategista militar e maior gênio em logística da história da humanidade conquistou o maior de todos os impérios durante uma gestão que durou pouco mais de dez anos. Sua campanha foi repleta de mistérios, adotando táticas de liderança e de logística até hoje inéditas e pouco compreendidas.

Alexandre da Macedônia foi educado e capacitado desde a infância pelo grande filósofo grego, Aristóteles, com quem aprendeu a reconhecer os seus próprios valores, assim como dos seus soldados e súditos. Para ele, cada conquista era um mérito a ser celebrado com os amigos e ostentado perante os inimigos, como forma de mostrar seu poder. Assim, aos 19 anos de idade, após herdar do pai o trono de um reino até então pouco influente, de imediato, partiu com o propósito de unificar o mundo sob o seu comando. Começou dominando as demais cidades-estado da Grécia e, em seguida, conquistou a temível Pérsia, dali para o Egito, a Ásia e, por fim, a até então impenetrável e misteriosa Índia.

Apesar de uma estatura em torno de 1,60 m, ele ficou conhecido como Alexandre Magno (O Grande), dada a sua impressionante habilidade de comando, o seu carisma e a inigualável capacidade intelectual e de negociação.

Ao contrário de algumas fontes atuais que tentam desqualificá-lo, ficaram patentes alguns de seus atributos e atitudes inusitadas, tais como o respeito pelo adversário que, mesmo depois de vencido, tendo sido feito prisioneiro de guerra ou morto em batalha, tinha sua família acolhida e protegida.

A todos os cidadãos do estado conquistado era dada a oportunidade de aderir à cidadania Greco-Macedônica, inclusive com direito a ser admitido nas colunas militares ou de logística, mantendo respeitados os seus costumes e a cultura original. 

Diferentemente de outros conquistadores, Alexandre estimulava os seus próprios soldados e membros das comitivas a adotar os costumes dos povos conquistados, como forma de unificar as culturas. Ele mesmo adotava os rituais de governo do chefe de estado deposto, se iniciava na religião local e, algumas vezes, mantinha nos cargos os agentes públicos e religiosos que lhe dedicassem fidelidade. 

Soldados eram incentivados a desposar mulheres das nações conquistadas, podendo escolher entre permanecer com estas e constituir família na região recém conquistada ou seguir levando a nova família para integrar as colunas militares em campanha.

Antes de atacar qualquer cidade ou região, embaixadores eram enviados com propostas de acordo pacífico para adesão ao seu império, com garantias de preservação de direitos de cidadania e, inclusive, oferecendo a oportunidade para que aquele governante conquistado pudesse permanecer exercendo a liderança sobre seu povo, apenas decretando uma espécie de submissão política ao império Greco-Macedônico de Alexandre. Estas propostas teriam sido aceitas por vários de seus adversários, inclusive pelo povo egípcio, que consagrou Alexandre como Faraó, tendo sido elevado à categoria de filho do deus Amon-Ha pelos sacerdotes.

Além das tropas militares, que chegavam a superar 100 mil soldados, as colunas itinerantes do seu exército eram compostas por contingentes constituídos de Engenheiros, Artífices, ferreiros, fabricantes de armas e utensílios, cervejeiros e vinicultores, músicos, construtores, fazendeiros com seus rebanhos, açougueiros, professores, veterinários, mercadores transportando suprimentos, médicos, dentistas, cartógrafos e "sábios" de todas especialidades, incluindo estudiosos da flora e da fauna e sociólogos para estudar a cultura dos outros povos. Era uma verdadeira cidade itinerante, com toda a estrutura social, industrial, comercial e familiar que se renovava. Há registros de acampamentos com mais de dez mil crianças.

Por onde passava essa gigantesca comitiva, cidades eram fundadas e permaneciam em pleno funcionamento, enviando suprimentos e recursos às colunas que seguiam adiante. Pelo menos 30 cidades denominadas Alexandria foram registradas por arqueólogos e pesquisadores de história, incluindo Alexandria do Egito, que sustentou por mais de mil anos a mais importante biblioteca e o maior centro cultural e científico da história antiga da humanidade.


Diante dessa estrutura tão complexa é impossível não se perguntar como um rapaz mal saído da adolescência, sem recursos de comunicação em massa e sem infraestrutura mínima, conseguiu manter sob controle, ao longo de mais de dez anos, tamanho contingente com uma rotina atribulada por guerras violentas e deslocamentos permanentes?

A primeira resposta atribui tal façanha ao carisma, à inteligência e à eloquência de retórica requintada. Contudo, três fatores foram fundamentais para o seu sucesso.

Um destes fatores, comum entre muitos outros líderes da história, é a chamada tática teológico-política, segundo a qual a liderança provem da vontade dos deuses e, por essa razão, é sempre acatada como um dogma inquestionável. Essa característica ele trazia do berço, quando sua mãe, Olímpia, declarou que Alexandre era filho de Zeus, o deus dos deuses, o que lhe conferia a condição de semideus e lhe credenciava ao trono herdado do pai. 

Entretanto, além disso ele alegava poderes místicos de profecia. Algumas dessas profecias não passavam de deduções óbvias ou mero objeto de retórica inteligente, iludindo as pessoas menos esclarecidas. Porém, em outras mais complexas ele adotava a técnica de afirmar que já tinha conhecimento prévio do fato, mesmo anunciando após a ocorrência do mesmo. Para isso, usava a velha tática de inventar que pessoas já falecidas ou deuses o visitavam em seus sonhos e lhe passavam todas as informações. Assim, com a argumentação de quem dominava os seguidores menos esclarecidos e supersticiosos, ele convencia a todos ser um grande profeta.

Outro fator fundamental para o seu sucesso, teria sido a sua suposta interação com entidades extraterrestres. Antes de grandes decisões ou de grandes batalhas, ele costumava se recolher sozinho em lugares secretos, de onde retornava com toda a estratégia desenhada, alegando que teria tido encontro com deuses. Supostamente esses deuses seriam extraterrestres, os mesmos que algumas vezes teriam sobrevoado os exércitos inimigos, aterrorizando-os e, com suas naves circulares e brilhantes, denominadas escudos gigantes de fogo, destruíam muralhas que seriam invencíveis com os recursos de que dispunha o exército de Alexandre.

* Malcyn Dukya é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Direito Administrativo Disciplinar, pesquisador autodidata em Sociologia, História e Nutrologia, Meio-Maratonista, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, M∴M.

Um comentário:

Unknown disse...

Obrigada pela informação, porém quero saber mais