terça-feira, 20 de junho de 2017

Catira

Um dos mais belos estilos da nossa autêntica música sertaneja, infelizmente está caindo no esquecimento e, se continuar assim, poderá se extinguir da nossa cultura muito brevemente.

A Catira, também conhecida em algumas regiões como Cateretê, é um ritmo contagiante e de uma riqueza artística inigualável.

Tem como instrumento principal a viola caipira, com sua sonoridade e harmonia magníficas, marcando o compasso em ritmo Rasqueado.

As letras, sempre com rimas ricas, são típicas poesias caboclas, que falam de engraçadas valentias frustradas do cotidiano sertanejo, namoros platônicos ingênuos e criativas frases de efeito, com a genialidade e o bom humor típicos do homem do campo brasileiro.

A apresentação é acompanhada pela dança, também conhecida pelo mesmo nome de Catira, que consiste num bonito sapateado com palmas sincronizadas no compasso da viola, se alternando com os versos dos cantadores. Tradicionalmente, é uma dança exclusiva de homens, pois no ambiente dos acampamentos de tropeiros, onde ela surgiu, não havia mulheres.

Essa magnífica manifestação do nosso folclore, pode ter surgido ainda na época dos Bandeirantes, mas se consolidou nas comitivas de peões de boiadeiro, que trafegavam levando e trazendo gado e tropa pelos longínquos sertões do Brasil.

O grupo, chamado Companheirada, se reunia depois da entrega do gado no destino ou mesmo em acampamentos de pernoite, para tocar, cantar e dançar.

Era quando se misturavam os caboclos vaqueiros, com seus ajudantes de carga e de cozinha, geralmente de origem africana, além dos guias e batedores, de descendência indígena. Essa mistura de raças, cada qual com suas influências culturais próprias, propiciou a riqueza artística peculiar da Catira.

Os maiores artistas, poetas e cantadores de Catira da era do rádio, ficaram na história dos anos 60 e 70, como Vieira & Vieirinha, Zico & Zeca, Zilo & Zalo, Craveiro & Cravinho e as Irmãs Galvão. Mais recentemente algumas belas peças foram gravadas por Cezar & Paulinho (filhos do Craveiro), Christian & Ralf e Leonardo. Mas parou por aí.

Vasculhando a internet na busca de uma apresentação autêntica, encontrei vários vídeos de danças e coreografias muito estilizadas e um tanto quanto descaracterizadas.

De resto, achei apenas essa relíquia, uma cena do filme Sertão em Festa, de Oswaldo de Oliveira, de 1970, com a participação de Tião Carreiro & Pardinho.


Nenhum comentário: