Um dos mais
belos estilos da nossa autêntica música sertaneja, infelizmente está caindo no
esquecimento e, se continuar assim, poderá se extinguir da nossa cultura muito
brevemente.
A Catira, também
conhecida em algumas regiões como Cateretê, é um ritmo contagiante e de uma
riqueza artística inigualável.
Tem como
instrumento principal a viola caipira, com sua sonoridade e harmonia magníficas,
marcando o compasso em ritmo Rasqueado.
As letras,
sempre com rimas ricas, são típicas poesias caboclas, que falam de engraçadas
valentias frustradas do cotidiano sertanejo, namoros platônicos ingênuos e
criativas frases de efeito, com a genialidade e o bom humor típicos do homem do
campo brasileiro.
A apresentação é
acompanhada pela dança, também conhecida pelo mesmo nome de Catira, que
consiste num bonito sapateado com palmas sincronizadas no compasso da viola, se
alternando com os versos dos cantadores. Tradicionalmente, é uma dança
exclusiva de homens, pois no ambiente dos acampamentos de tropeiros, onde ela
surgiu, não havia mulheres.
Essa magnífica manifestação
do nosso folclore, pode ter surgido ainda na época dos Bandeirantes, mas se
consolidou nas comitivas de peões de boiadeiro, que trafegavam levando e
trazendo gado e tropa pelos longínquos sertões do Brasil.
O grupo, chamado
Companheirada, se reunia depois da entrega do gado no destino ou mesmo em
acampamentos de pernoite, para tocar, cantar e dançar.
Era quando se
misturavam os caboclos vaqueiros, com seus ajudantes de carga e de cozinha,
geralmente de origem africana, além dos guias e batedores, de descendência
indígena. Essa mistura de raças, cada qual com suas influências culturais
próprias, propiciou a riqueza artística peculiar da Catira.
Os maiores
artistas, poetas e cantadores de Catira da era do rádio, ficaram na história
dos anos 60 e 70, como Vieira & Vieirinha, Zico & Zeca, Zilo &
Zalo, Craveiro & Cravinho e as Irmãs Galvão. Mais recentemente algumas
belas peças foram gravadas por Cezar & Paulinho (filhos do Craveiro),
Christian & Ralf e Leonardo. Mas parou por aí.
Vasculhando a
internet na busca de uma apresentação autêntica, encontrei vários vídeos de
danças e coreografias muito estilizadas e um tanto quanto descaracterizadas.
De resto, achei
apenas essa relíquia, uma cena do filme Sertão em Festa, de Oswaldo de
Oliveira, de 1970, com a participação de Tião Carreiro & Pardinho.
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